Neste artigo vou abordar dois temas que, no meu entender, tornaram-se dois pilares fundamentais para o sucesso e a segurança das empresas contemporâneas: a cibersegurança e a inteligência artificial (IA). Com a aceleração da digitalização dos negócios, estas temáticas deixaram de ser opcionalidades e passaram a ocupar um lugar prioritário na agenda de qualquer organização que pretenda manter-se competitiva e protegida num mercado em constante evolução.
A cibersegurança tornou-se indispensável em qualquer organização que trabalhe com dados e utilize ferramentas digitais. A proteção contra ameaças digitais é crucial para preservar a integridade dos sistemas, a privacidade dos dados e, sobretudo, a reputação da empresa. A falta de uma política de cibersegurança robusta pode resultar na perda de confiança dos clientes e parceiros, algo que é particularmente prejudicial num ambiente de negócios onde a credibilidade é essencial. A realidade é que muitas empresas, especialmente as pequenas e médias (PMEs), ainda não dispõem de medidas adequadas de proteção. Uma pesquisa conduzida pela European Union Agency for Cybersecurity (ENISA) em 2023 revelou que cerca de 41% das PMEs na União Europeia não possuem qualquer tipo de plano de resposta a incidentes cibernéticos.
A formação dos colaboradores é outro ponto crítico. Sem um programa de sensibilização contínua sobre riscos digitais, as organizações tornam-se mais vulneráveis aos ataques de engenharia social e ao phishing, que continuam a ser formas prevalentes de violação de segurança.
A inteligência artificial oferece oportunidades significativas para otimizar operações, prever tendências de mercado e facilitar a tomada de decisões baseadas em dados concretos. Uma pesquisa da McKinsey & Company, “The State of AI in 2023”, destaca que cerca de 60% das empresas já adotaram pelo menos uma forma de IA nos seus processos, obtendo benefícios em áreas como análise de dados, automação de tarefas repetitivas e melhoria da experiência do cliente.
Contudo, a adoção da IA não está isenta de desafios. Em algumas reuniões que participei com empresários da região, um dos problemas mais comuns que identificaram foi que, na gestão empresarial, existe a falta de uma estratégia clara para identificar as áreas onde a IA pode ser mais eficaz. A gestão de dados e a integração de novas tecnologias nos processos existentes são barreiras frequentes que podem retardar o progresso. Além disso, o desconhecimento sobre como alinhar estas ferramentas com os objetivos organizacionais leva muitas vezes à subutilização das capacidades da IA.
A produtividade impulsionada pela IA também requer uma abordagem focada na formação e no desenvolvimento de competências. Para terem uma noção, segundo o World Economic Forum, até 2025, cerca de 85 milhões de postos de trabalho poderão ser substituídos por máquinas, mas, em contrapartida, serão criados 97 milhões de novos empregos que exigem competências relacionadas com tecnologia e IA.
Nas minhas visitas, enquanto dirigente associativo no domínio empresarial, deteto frequentemente a falta de uma estratégia integrada para lidar com as ameaças digitais e a inovação tecnológica. Empresas de todas as dimensões enfrentam desafios únicos, mas a implementação de soluções eficazes requer um compromisso global da gestão. No campo da cibersegurança, medidas como auditorias regulares de segurança, atualização constante de software e políticas de backup são essenciais.
Por outro lado, para a IA, é crucial que as empresas comecem por identificar processos que beneficiariam de automação ou análise preditiva. O foco deve estar na utilização da IA como ferramenta de suporte à decisão, maximizando a produtividade e promovendo uma cultura de inovação.
Em conclusão, num contexto empresarial em que as ameaças digitais e as tecnologias emergentes se cruzam, a cibersegurança e a IA devem ser encaradas como componentes complementares de uma estratégia de crescimento e proteção. Investir em formação, tecnologia e nas melhores práticas é a chave para garantir não apenas a sobrevivência, mas também a prosperidade num mercado em constante transformação.
Paulo Barreira – Presidente